Parábola dos Anjos
No coração de uma enorme floresta um gigantesco Palácio de Cristal foi erguido pelas mãos de Deus… A luz da divindade pairava sobre aquele lugar, dividido por quatro partes. Quatro anjos de luz: o anjo do Amor, o anjo da Liberdade, o anjo da Justiça e o anjo da Paz. O anjo do Amor tratava das pessoas com coração endurecido; O anjo da Liberdade libertava as pessoas com alma e coração aprisionados; O anjo da Justiça restituía o que era roubado injustamente das pessoas de coração reto; O anjo da Paz derramava unção com o óleo perfumado do Senhor sobre os corações das pessoas com almas enfermas, atormentadas, aflitas e agoniadas. Assim de lá os anjos obedeciam à vontade do Criador…
Juntos eles formavam o Conselho da Divindade dos céus e se reuniam a cada mil anos. Centenas de bilhões de anos se passaram… Os homens se multiplicaram, o conhecimento aumentou e as cidades cresceram, aproximando-nos cada vez mais do coração daquela floresta… Essa proximidade começou a preocupar o Conselho da Divindade dos céus, os anjos receavam serem também tentados pelos desejos do mundo e decidiram ilhar a floresta do mundo profano através de uma linha de fronteira…
Será que Deus se agradou da decisão? O anjo da Liberdade, foi tentado e certo momento de ‘revolta’, começou a questionar-se sobre o porquê daquela linha que definiu limites entre os dois mundos (material e santidade).
Seus pensamentos iam muito além: “… ora, como irei continuar libertando almas e corações aprisionados se estão aceitando me impor limites? Pois sou eu o Anjo da Liberdade ou sou eu o Anjo das Correntes?” Pensando, assim, o Anjo da Liberdade ousou violar a decisão do Conselho da Divindade dos céus ora decretada no Palácio de Cristal. Em uma bela manhã ensolarada, o Anjo da Liberdade: bateu asas e voou em direção ao mundo dos homens…
Noites e dias se passaram e o Anjo conviveu com os humanos, provando e conhecendo um pouco de tudo o que existia na terra dos pecadores, e o que mais o fascinou e o fez se sentir próximo de um mortal foi provar dos prazeres da carne. O Anjo se deixou tomar pelas ilusões terrenas? Os devaneios da paixão acabaram aprisionando o coração do anjo que ‘misteriosamente’ se apaixonou por uma linda jovem de coração antes restaurado pela luz do Anjo do Amor…
Assim o tempo passou na terra. E numa noite sonhando, o Anjo da Liberdade recebeu uma mensagem do Conselho da Divindade dos céus: “…Anjo da Liberdade, vós cometeis um pecado mortal, desobedecendo uma Lei do Trono dos Céus, por isso o coração da humanidade ficará cada dia mais acorrentados e endurecidos… Libertai-vos e voltai para salvá-los… Pois, se continuar entre eles, não haverá, mais esperança de libertação, sem você o equilíbrio entre a matéria e o espírito perder-se-á, vós sois o anjo da Liberdade, não o avesso. “Deus se entristeceu contigo…
Ouvindo, pois, o anjo regressou ao Palácio de Cristal, embora mortalizado… E lá ao chegar, o Anjo foi julgado pelo Conselho da Divindade pela sua desobediência…
Ao final do julgamento, a Anjo da Justiça procedeu à leitura do veredito, dizendo: “Anjo da Liberdade, vós recebestes a ordem divina de libertar almas e corações humanos, aprisionados pela vontade própria (livre arbítrio) ou poder do inimigo… É ainda imortal, o que vos difere dos homens mortais, porém, agora, preso pelas teias do pecado da desobediência…”
“O Conselho decidiu vos propor uma sentença condenatória que vos dará direito a uma única escolha, qual dentre elas vós escolheis? Ficareis em vossa morada no Palácio dos Cristais cumprindo sua missão, porém com as asas cortadas? Ou ides habitar na terra a viver como um mortal…?”
O que está parábola nos revela? Será que o homem vive em plena liberdade? Será que o homem se tornou escravo de sua própria liberdade? E o livre arbítrio humano é o mesmo dos anjos?
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Extraído do livro Os cristais da Alma de Aucenir Gouveia